segunda-feira, 18 de março de 2013

Da Índia para o Brasil: o boi de cupim que virou garantia de lucro no agronegócio

Da Índia para o Brasil: o boi de cupim que virou garantia de lucro no agronegócio

Da Índia para o Brasil: o boi de cupim que virou garantia de lucro no agronegócio
Curitibanos, 05 e 06/01/2013, Correio Lageano, por Suzani Rovaris


Hoje o zebu é a principal raça de todo o rebanho brasileiro. Graças aos avanços tecnológicos, os zebuínos são a garantia de excelência na exportação de carne para mais de 150 países, além do mercado nacional de leite e do couro



Ivadi Coninck de Almeida ainda era jovem quando comprou o primeiro boi, um indubrasil. Décadas se passaram, ele chega aos 90 anos com saúde, mantém os hábitos campeiros e está com um um plantel de 800 cabeças de gado, mas mudou o rumo do negócio. Partiu para os zebus, animais que têm impulsionado a pecuária.



No mercado mundial de carnes bovinas, o Brasil é um dos maiores exportadores. A raça que mais se destaca no rebanho nacional é justamente o zebu. Detentor de características dignas, os zebuínos são  indispensáveis em experiências tecnológicas para o melhoramento genético e consequentemente, maior excelência da carne e leite.



A exemplo dos outros anos, a expectativa do Brasil na exportação é aumentar em 20% a sua receita em relação a 2011, que fechou em US$ 5,3 bilhões, montante 12% superior ao registrado em 2010. Para isso, o país aposta na qualidade de sua carne, grande parte oriunda de rebanhos zebuínos onde a maior parte é concentrada em regiões acima do Paraná. Em Santa Catarina, a atividade é recente, mas a tecnologia está mudando esse cenário.



Atualmente, o Brasil exporta para mais de 150 países. Realidade diferente de 25 anos atrás, quando o país ainda importava o produto. Estima-se que o total do efetivo bovino brasileiro seja da ordem de mais de 190 milhões de cabeças. Desse total, 80% têm o sangue zebuíno.



O país tornou-se a segunda pátria do zebu. A raça é de origem indiana. Foi no século 19 que os primeiros planteis de sangue puro foram importados. Desde então, o avanço da raça ocorreu graças às iniciativas empreendedoras de pecuaristas como Ivadi, que uniram esforços para consolidar o zebu.



Por ser um país tropical, o zebu se adaptou facilmente no Brasil. Somente no Sul, onde é mais frio, apresentou restrições. O veterinário da Empresa de Pesquisa Agrícola e Extensão Rural (Epagri), Vilmar Francisco Zardo, explica que toda a parte fisiológica do zebu contribui para a resistência.



O couro é mais fino e a reserva de gordura fica armazenada no cupim. As raças europeias têm características diferentes: couro mais grosso e, por não terem cupim, a gordura fica entremeada por toda a carne.



De acordo com Zardo, criar zebu sangue puro pode não ser viável no Estado. Falta potencial genético para alguns fatores de importância econômica, segundo ele. Porém, por ter um potencial “criatório” (rusticidade e fertilidade) a raça se tornou a base para os cruzamentos.



Através da inseminação artificial, o cruzamento industrial tornou-se viável a criação de bovinos com sangue zebuíno, em Santa Catarina. É uma arma fundamental para o produtor moderno obter lucros. Os cruzamentos visam a buscar em cada raça envolvida suas características mais marcantes, de criar animais mais eficientes e produtivos em um menor espaço de tempo.



Mais de três milhões de cabeças de gado, ou seja, cerca de 80% do rebanho catarinense possuem sangue de zebuíno. O Estado representa 1,88% do rebanho de bovinos no Brasil.



Ele faz do boi de cupim um ideal de vida e uma paixão de longa data. Ivadi Coninck de Almeida, de 90 anos, é o pioneiro na criação e reprodução da raça zebuína. Morador de Curitibanos, é dono de um plantel de 800 cabeças das variedades nelore e tabapuã.



Ainda era moço quando comprou sua primeira cabeça de gado, o indubrasil. “Tinha orelhas grandes que encostavam no chão quando ia pastar”, lembra. Foi no final da década de 1930 quando formou seu rebanho.



Desde então dedicou grande parte de sua vida a esses animais, que conforme ele relata, não são muito simpáticos. Um dos poucos criadores de zebu na Serra Catarinense, ele explica que a reprodução do zebu sangue puro é complexa, mas deve ser realizada para que haja organização com os animais.



Cada animal possui uma identificação. Além do brinco, o zebu recebe uma marcação a fogo da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ). O desenho é um triângulo com chifres para baixo. Outra marcação a fogo identifica que o animal é do determinado proprietário, geralmente o desenho é a primeira letra do nome do dono.



Os registros devem ser comunicados à ABCZ. Nome, sobrenome e as característica da fêmea e do macho que irão se reproduzir, bem como do terneiro que nasceu são informados à associação.



Formação familiar



Geralmente Ivadi deixa a fêmea e o macho juntos o ano todo para formar grupos familiares e evitar o acasalamento consanguíneo. Por ser um dos primeiros a criar zebu no Estado, Ivadi tem participado de todas as feiras e exposições de gado no Sul do país.



Em 1949, Ivadi já exibia seu gabo. É o mais antigo no ramo de exposições agrícolas e feiras pecuárias. Considerado como uma lenda no setor, o pecuarista foi homenageado dezenas de vezes.



Planejamento e tecnologia asseguram qualidade na carne e no leite



Tradicionalmente, o zebu é uma raça de corte. O melhoramento genético, seleção, manejo alimentar, abate precoce (média de 4,5 anos) e uso de agentes hormonais são processos que conferem à carne do zebu um excelente grau de maciez.
Maria Jaci Villa Nova Bittencourt, criadora de zebuínos Tabapuã no Rio Grande do Sul, diz que cada espécie possui características próprias e que não se mudam do dia para a noite. É o caso do marmoreio (nível de gordura entremeada), característica própria dos taurinos e que confere maciez à carne. Resultados de laboratório demonstram, no entanto, que o marmoreio não é o único fator que determina se a carne será ou não macia, conforme diz Maria.



Gordura



As análises revelam que o sistema de produção dos zebuínos está voltado a obter carne macia e magra, diferente dos taurinos, que possuem gordura excessiva, não recomendável para o dia-a-dia.



A raça integra o grupo de gado leiteiro. Segundo a Embrapa, 70% da produção de leite do país vêm de vacas mestiças Holandês-Zebu. A Holandesa predomina nos cruzamentos, sendo o mais comum o de Holandês com o Gir, conhecido como “Girolando”. Há anda o “Guzolando”, resultado de Holandês com Guzerá. Já existem alguns produtores fazendo o “Nerolando”, que é o cruzamento do Holandês com o Nelore.


As variedades de zebu

  • Brahman: com ossos mais avantajados;
  • Gir e o Gir mocha: cores variadas, chifre e cabeça maiores;
  • Guzerá: chifre imponente;
  • Indubrasil: enormes orelhas;
  • Nelore padrão e o mocha: orelha bem pequena;
  • Sindi: estatura baixa e pelagem vermelha
  • Tabapuã: mocho natural.
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