IRRIGANDO PASTAGENS PARA MELHOR PRODUÇÃO
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Gelci Carlos Lupatini (1)
Fernando Braz Tangerino Hernandez (2) |
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As
pastagens constituem a base da alimentação dos bovinos no Brasil. As
mudanças na economia mundial e brasileira aliada à realidade da
bovinocultura nos últimos anos tem mostrado a necessidade de mudanças no
processo de produção, tais como a intensificação da produção, ganhos de
escala, otimização dos insumos e produção de produto animal com maior
qualidade.
Dentro
deste contexto, a irrigação de pastagens é uma das tecnologias que pode
e deve ser utilizada, especialmente nas regiões onde a intensificação
da produção de bovinos é necessária e as condições favorecem seu uso,
como na região oeste e noroeste do Estado de São Paulo.
Este
assunto nos anos 90 se tornou mais evidente, quando pecuaristas
tentando melhorar a rentabilidade de suas propriedades e utilizando-se
de equipamentos de irrigação já instalados para agricultura, começaram
utilizar estes sistemas para irrigação de pastagens, porém, o uso da
irrigação de pastagens é uma realidade que deve ser fundamentada em base
científica e até o ano de 2000 eram poucos os pesquisadores que se
dedicavam ao tema e hoje já há uma base de conhecimento técnico
expressiva sobre os efeitos e as vantagens do uso da irrigação tanto em
pecuária de corte, como leiteira.
No
entanto, a irrigação é uma tecnologia agrícola final, ou seja, o
pecuarista que pretende utilizá-la deve também ser um bom agricultor.
Junto com a irrigação o pecuarista deve aplicar tecnologias que promovam
altas produções de forragem de qualidade, como preparo e conservação do
solo, correção da fertilidade do solo, escolha da melhor espécie e
cultivar, pastejo rotacionado e adubações adequadas de manutenção e
nitrogenada, para que se possa potencializar a produção e gerar lucros
adicionais, objetivo de todo negócio.
As pastagens mais utilizadas e com características adequadas para áreas irrigadas são Tifton 85 (Cynodon spp.), Tanzânia e Mombaça (Panicum maximum). Em algumas regiões, o capim elefante (Pennisetum purpereum) também tem apresentado bons resultados.
Os
resultados de pesquisa têm demonstrado maior aumento no período de
produção e na produtividade total da pastagem com o uso da irrigação nas
regiões mais quentes e estas condições influenciam na viabilidade
econômica, além do preço do produto animal (carne ou leite). Em
experimentos com Tifton 85 irrigada usando alta adubação, a pastagem
apresentou capacidade de suporte de até 10 UA/ha (equivalente a 10 vacas
de 450 kg por hectare). Alguns produtores na Nova Alta Paulista sob a
orientação da CATI, utilizando vacas em lactação, com elevada adubação
têm usado na primavera e verão aproximadamente 15 vacas/ha, demonstrando
o grande potencial de produção de forragem e animal desta pastagem,
associando manejo adequado, adubação e irrigação.
O
Mombaça e a Tanzânia também apresentam resultados impressionantes de
produtividade de forragem com uso da irrigação, alcançando produções de
24 a 40 t/ha/ano de matéria seca nas nossas condições, aumentando em
média 30 a 40% em relação a pastagem sem irrigação (sequeiro), como os
estudos conduzidos pela UNESP demonstram.
O
método mais utilizado na irrigação de pastagens é por aspersão e
conforme a área a ser irrigada a escolha econômica e técnica pode
indicar os sistemas de aspersão convencional, em malha, pivô central ou o
carretel enrolador. Para as pequenas propriedades, especialmente as
dedicadas à pecuária leiteira, o uso da irrigação por aspersão em malha
equipada com aspersores de baixa pressão e baixa precipitação tem-se
mostrado uma excelente opção econômica, de operação, de adequação à
capacidade de armazenamento de água do solo (CAD) e se seu uso for feito
à noite, ganha-se se eficiência na aplicação da água e ainda pode-se
lançar mão da tarifação diferenciada, diminuindo os custos envolvidos
com a energia.
Além
do aumento da produtividade total de forragem com uso da irrigação,
outras vantagens são o aumento no período de produção, com maior
crescimento das forrageiras no início da estação (agosto a outubro),
redução no período de suplementação dos animais no cocho, maior
estabilidade na disponibilidade de forragem ao longo do ano e produção
animal, principalmente na produção de leite, mas é importante que o
agora irrigante entenda quais as mudanças serão necessárias no dia a dia
de sua propriedade, especialmente em relação ao manejo da pastagem e da
aplicação correta de água, da adubação e dos animais.
(1) Gelci Carlos Lupatini, Engenheiro Agrônomo e Professor da Área de Pastagens do Curso de Zootecnia da UNESP Dracena.
lupatini@dracena.unesp.br
(2) Fernando Braz Tangerino Hernandez,
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Irrigação, Professor da Área de
Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira e Chefe do DEFERS.
www.agr.feis.unesp.br/irrigacao.php e fbthtang@agr.feis.unesp.br
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