Transporte de Bovinos para Frigoríficos
Normalmente
o cálculo que se faz para decidir, qual o melhor caminhão para se
transportar bovinos, é o da quantidade de animais que cada caminhão pode
acomodar. O setor de logística e transporte muitas vezes não tem
parâmetros diferentes para avaliar a não ser o custo do quilometro
rodado considerando quantos bovinos estão sendo transportados ao mesmo
tempo.
As contusões de carcaça, começam a acontecer no embarque, seguem ocorrendo durante a viagem e podem também ser ocasionadas no desembarque.
Entendo que alguns fatores podem ser
adequados visando minimizar estes problemas, que podem variar de
contusões leves a graves ou causar a morte do animal.
Em alguns trabalhos que fiz, sugeri a
mudança da rota de viagem entre o confinamento ou a fazenda e a planta
frigorífica, quando é possível a alternativa. Deixando de usar a estrada
de terra, que pode ter distância mais curta, e optando pelas estradas
asfaltadas. Ganha-se tempo. No asfalto o caminhão (ou a carreta) freia
menos, o ritmo da viagem é mais constante e a velocidade média é maior o
que aumenta a ventilação na “gaiola” e melhora o conforto térmico para
os bovinos.
Conhecendo o Brasil e a infeliz situação de nossa estradas temos de dar novos parâmetros para a decisão da rota a ser tomada. O que importa não são os quilometros que o caminhão trafegará e sim quantas horas ele ficará na estrada. Quanto menos tempo o bovino ficar enclausurado no caminhão, menos água, eletrólitos e conteúdo rumenal ele perderá. Menor será o estresse e maior será a reserva de glicogênio que este animal terá, sendo este fator primordial para a qualidade da carne.
O ideal para o bovino é ficar até 8
horas em transporte, respeitando-se a densidade de carga ideal ao redor
de 400 kg/m2, mas isso ainda depende de outros fatores. É apenas um
direcionamento.
Para melhorar as condições dos bovinos que chegam às plantas frigoríficas, sugiro focarem em:
- Redução do tempo sem água a que o bovino será submetido: trazendo o boi para o embarque o mais perto possível da hora de chegada dos caminhões. Essa deve ser uma ação coordenada entre fazenda e frigorífico.
- Na qualidade e rapidez do embarque: o ato de embarcar é estressante para os bovinos. É fora da rotina. No dia do embarque o curral tem de estar em ordem, adaptado para os bovinos. A equipe de manejo tem de estar treinada, ter calma e evitar o uso de choques, de gritos e de ações improvisadas.
- O tipo da carreta influenciará o tempo de embarque: caminhões e carretas de um andar são mais fáceis de serem carregados que carretas de dois andares. Entre as carretas de dois andares as que possuem escada ou rampa em linha reta com o embarcadouro são bem mais fáceis de embarcar que as que possuem escada “de lado”.
- A viagem: O ideal é que a viagem do confinamento (ou da fazenda) ao frigorífico seja direto, sem paradas. Quando a carreta para, o calor dentro da gaiola (onde estão os bois) sobe muito, aumentando o desconforto dos animais. Evitar que o transportador pare é a melhor opção. Forneçam refeição de boa qualidade aos motoristas dos caminhões nas fazendas, antes de sair para o frigorífico. Dêem sucos, refrigerantes, enfim, façam com que eles tenham menor necessidade de parar. Reduzir o tempo de viagem é o objetivo, mas sem sacrificar o motorista.
Abaixo mostro uma estimativa de perda
de peso em transporte baseado em diversos trabalhos científicos e na
minha experiência profissional. A maior perda de peso ocorre nas
primeiras três horas da viagem, mas segue ocorrendo até o final.
As perdas de peso e a queda na qualidade da carcaça se acentuam de acordo com o aumento no tempo de viagem.
Fatores como temperatura ambiente,
condição das estradas, sexo dos animais, densidade de carga e o tempo
sem alimentação e água podem acentuar ou diminuir estas perdas de peso.
550,00
|
KG
|
||
HORA 1
|
1,00%
|
5,50
|
544,50
|
HORA 2
|
1,00%
|
5,45
|
539,06
|
HORA 3
|
1,00%
|
5,39
|
533,66
|
HORA 4
|
0,30%
|
1,60
|
532,06
|
HORA 5
|
0,30%
|
1,60
|
530,47
|
HORA 6
|
0,30%
|
1,59
|
528,88
|
HORA 7
|
0,30%
|
1,59
|
527,29
|
HORA 8
|
0,30%
|
1,58
|
525,71
|
HORA 9
|
0,30%
|
1,58
|
524,13
|
HORA 10
|
0,30%
|
1,57
|
522,56
|
HORA 11
|
0,30%
|
1,57
|
520,99
|
HORA 12
|
0,30%
|
1,56
|
519,43
|
HORA 13
|
0,30%
|
1,56
|
517,87
|
HORA 14
|
0,30%
|
1,55
|
516,32
|
HORA 15
|
0,30%
|
1,55
|
514,77
|
HORA 16
|
0,30%
|
1,54
|
513,22
|
HORA 17
|
0,30%
|
1,54
|
511,68
|
HORA 18
|
0,30%
|
1,54
|
510,15
|
HORA 19
|
0,30%
|
1,53
|
508,62
|
HORA 20
|
0,30%
|
1,53
|
507,09
|
HORA 21
|
0,30%
|
1,52
|
505,57
|
HORA 22
|
0,30%
|
1,52
|
504,05
|
HORA 23
|
0,30%
|
1,51
|
502,54
|
HORA 24
|
0,30%
|
1,51
|
501,03
|
Kg perdidos
|
48,97
|
||
8,90%
|
Transporte de gado é um assunto
complicado, mas para que as perdas diminuam os pecuaristas têm de se
envolver mais e acompanhar o gado até o momento do desembarque no curral
do frigorífico. Na chegada às plantas de abate, muitas vezes chegam
vários caminhões ao mesmo tempo o que pode levar a longas esperas para
desembarcar, prejudicando ainda mais o estado dos bovinos transportados.
Um abraço,
Paulo
pauloefloureiro.blogspot.com.br
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